segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A INCOMPARÁVEL MAJESTADE DE DEUS


O profeta Isaías há dois mil e setecentos anos anunciou, de forma eloquente, a majestade de Deus. Destacou a supremacia de Deus em relação à criação (Is 40.12,27), à ciência (Is 40.13,14), às nações (Is 40.15-18), aos ídolos (Is 40.19,20), aos moradores da terra (Is 40.21,22), aos príncipes (Is 40.23,24). Deus é incomparavelmente grande e majestoso. Deus infatigavelmente fortalece ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. O profeta Daniel diz que o povo que conhece a Deus é um povo forte e ativo (Dn 11.32). O conhecimento de Deus é a própria essência da vida eterna. Deus é o nosso criador, provedor, redentor, protetor, consolador e galardoador. Destacaremos, três aspectos da majestade de Deus:

Em primeiro lugar, Deus é majestoso pela obra da criação. Desde que Charles Darwin publicou seu livro "Origem das Espécies" em Londres em 1959, a teoria da evolução tem se tornado muito popular. Muitos confundem a teoria da evolução com as verdades científicas. Há aqueles que pensam que o universo veio à existência por geração espontânea. Outros entendem que o universo é resultado de uma colossal explosão. Outros, ainda, defendem que o universo é resultado de uma evolução de bilhões e bilhões de anos. Faltam a essas teorias a evidência das provas. Sabemos que o universo é composto de matéria e energia; isso a ciência prova. Sabemos que o universo é governado por leis; isso a ciência prova. Sabemos que massa e energia não geram leis; isso a ciência prova. Logo, alguém fora do universo criou essas leis que governam o universo. O criacionismo tem a evidência das provas. O relato da criação, conforme registrado em Gênesis 1 e 2 está em estreita sintonia com os ditames da ciência. O mesmo autor da criação é o autor das Escrituras. Embora haja sobejas evidências do criacionismo, comprovadas pela ciência, cremos pela fé, que Deus o criou o universo. Antes do início só Deus existia. A matéria não é eterna. Deus trouxe à existência as coisas que não existiam. Ele do nada tudo criou, tudo sustenta e tudo governa.

Em segundo lugar, Deus é majestoso pela obra da providência. Deus não apenas criou o universo, mas também o sustenta. Ele não é apenas transcendente, mas também imanente. Os deístas acreditavam na transcendência de Deus, mas negavam sua imanência. Imaginavam Deus como um ser absolutamente soberano, que havia criado o universo como um relojeiro que fabrica um relógio, dá corda nele e o deixa trabalhando sozinho. Como teístas que somos, cremos também na imanência divina. Deus está presente. Nele nos movemos e existimos. É Deus quem nos dá a respiração e tudo o mais. É Deus quem nos dá o sol e a chuva. É Deus quem nos dá saúde e a cura da enfermidade. É Deus quem nos dá o alimento e o apetite. É Deus quem nos dá proteção e livramento. É Deus quem nos dá paz no vale e alegria em meio às lutas. É Deus quem enche a terra de fartura e os mares de riquezas insondáveis. É Deus quem veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu. Deus é a fonte de todo bem e a origem de toda boa dádiva.

Em terceiro lugar, Deus é majestoso pela obra da redenção. O mesmo Deus que criou o universo e o sustenta pela palavra do seu poder, também providenciou para seu povo eterna redenção. A salvação não é fruto do esforço humano nem mesmo o resultado de uma parceria entre Deus e o homem. A salvação é uma obra exclusiva de Deus. Tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados e Deus nos deu vida. Estávamos longe e fomos atraídos para Deus com cordas de amor. Estávamos manchados pelo pecado e fomos lavados pelo sangue de Cristo. Éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos de Deus, mas fomos alcançados pela graça divina. Éramos filhos da ira, mas agora somos membros da família de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Enxugue Suas Lágrimas As Margens do Rio Quebar


                              
                           


Deus fez as lágrimas com um propósito muito especial, através delas expressamos os sentimentos mais profundos do nosso ser. Por mais amados que sejamos para Deus, Ele permite passarmos por momentos em que o choro, torna-se inevitável. Davi pronunciou em um de seus Salmos: “Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” Sl 6:6.

A tristeza, contudo, não deve ser senhora de nós, porque ao nos entregarmos as situações de derrota, ficamos impossibilitados de agir com fé. A fé em Cristo Jesus, nos livra de “morrermos na fornalha”: “Então Nabucodonosor se encheu de furor e mudou-se o aspecto de seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abdenego; falou e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer” Dn 3:19.

Parecia uma situação insuportável, invencível. Em nossas vidas, temos momentos assim, em que as provações vêem com força dobrada, e aos olhos naturais, o desânimo pode nos derrubar, antes mesmo de “adentrarmos no fogo”. É só o começo da história, e já confessamos: “Não vou conseguir, não suporto”. Isto não acontece só com você, acontece comigo e aconteceu com grandes homens de Deus. A fornalha não consumiu a Mesaque, Sadraque e Abdenego, eles saíram sãos e salvos. "Quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" Is 40:2. Não estamos livres da prova, mas em Jesus, encontraremos ânimo para vencê-la.



Já reguei muitas vitórias, com lágrimas e mais lágrimas. Porém, em meio às circunstâncias, uma Palavra de Deus, um canto de louvor, arrancado do adormecimento da alegria, me fez renovar as forças. O profeta Jeremias, em suas Lamentações declarou: “Já pereceu minha força e a minha esperança no Senhor. Lembra-Te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do fel. Minha alma certamente disto se lembra, e se abate dentro de mim.” Lm 3:19-23.


Você pode imaginar um profeta, ungido, amigo de Deus, fazendo tal declaração? É que não somos os únicos a experimentarmos tristeza e sentimento de fracasso. Pode ser que tenhamos chegado a tal situação por conta de pecado, ou, a exemplo do justo Jó, estamos sendo provados pelo inimigo. Não sei. Tudo que sei é que em qualquer situação Jesus é a solução. Jó, em meio a mais profunda dor, declarou: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim, se levantará de sobre a terra” Jó 19:25

Jeremias, em meio ao caos, entre cadáveres, e destruição por ocasião do cativeiro Babilônico ergue o espírito a Deus e diz: “Bom é o Senhor para os que esperam Por Ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” Lm 3:25, 26. Nossa fé, não está firmada em argumentos naturais, porque estes são incapazes de produzir livramento. Do alto, é que vem o socorro. É para lá que devemos voltar nosso olhar.

Ainda que nuvens pesadas, carregadas de nebulosidade, escondam o límpido azul e o brilho do sol. Elas não ficarão lá para sempre. Nosso olhar deve alcançar essa visão impossível. Com os olhos da fé, que revelam o instransponível. Precisamos, nos levantar do leito molhado, encharcado de lágrimas e nos colocarmos de pé, acima das circunstâncias. Foi isso que Deus ordenou ao profeta Ezequiel: “E disse-me: Filho do homem põe-te em pé e falarei contigo” Ez 2:1

Onde estava Ezequiel nessa hora? “E aconteceu que estando eu no meio dos cativos, junto ao Rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus” Ez 1:1. Ele estava no meio dos cativos, entre sofrimento, choro e falta de esperança, mas as margens do Quebar, ousou olhar para o céu e viver as visões de Deus. Ezequiel não deveria se entregar àquelas circunstâncias de derrota, desgraça. Mas buscar força e conforto no Senhor. “Filho do homem, te põe de pé”. Deus estava dizendo: “Sei que és carne, homem, filho de homem, mas vence Ezequiel, te põe de pé e falarei contigo”. Vence Ezequiel, não se abate, olha além, de tudo que te rodeia, vive as visões que te mostrarei.

E a Palavra diz: “Entrou em mim o espírito e me põs em pé, e ouvi o que me falava” Ez 2:2. Entregue ao Senhor, Daniel viu o que ninguém mais viu naquele campo de refugiados. Tudo porque seu olhar se elevou ao céu! Seu ser buscou respostas e conforto no alto. Ele não viu desilusão e morte, mas visão de Deus, que lhe dizia ser possível a restauração, um novo começo.

Revestido de forças, Ezequiel foi atalaia para casa de Israel. Ele enxugou suas lágrimas! Extraiu força, de onde parecia não haver. Ele viu céus abertos, enquanto, o odor de cadáveres pairava no ar, o pranto, choro, lamento e murmúrios. Ele foi para as margens do Rio Quebar, olhar o céu, conversar com Deus, buscar alento, no que foi ouvido. Se refugie, às margens do Quebar. Deus é o que enxuga suas lágrimas.

Entoe um cântico novo, uma melodia de agradecimento por todas as vitórias, acrescente o agradecimento, por esta última vitória que você precisa alcançar. Eleve o olhar, se ponha de pé, não se entregue as circunstâncias, porque elas não são maiores que o amor que Deus sente por você. Habacuque, também foi outro grande homem de Deus que viu a seca, e a destruição assolarem sua terra. Ele estava lá, naquela fornalha, aquecida sete vezes, em meio à corrupção, fome... angustiado volta-se para Deus :” Por que me fazes ver a opressão?” Hc 1:3

Deus lhe responde: “Eis que realizo uma obra maravilhosa em vossos dias” HC 1: 5. Como assim, maravilhosa? Não é isto que vejo. A verdade é que não era aquilo que Deus queria que ele visse! Habacuque deveria olhar para “o céu junto ao rio Quebar”, e ver as visões de Deus. Tudo aquilo haveria de passar, e um tempo de paz e prosperidade chegaria. Aquelas circunstâncias, não eram eternas. Habacuque precisaria manter o ânimo, enxugar o pranto.

Enxugue suas lágrimas, há visões de Deus, nas margens do Rio Quebar. O Senhor é a nossa força. Somos apenas homens, falhos e frágeis, mas Ele nos ergue acima das tribulações. Olhe para o céu, não desanime. Tudo haverá de passar, dando lugar a um novo tempo: "Espera no Senhor, anima-te, e Ele fortalecerá o teu coração; espera, pois no Senhor" Sl 27:14.
Em Cristo

O Dilema dos filhos de Zebedeu





     Não chame de destino as consequências de suas escolhas 




“E Ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas” Sl 106:15 

  Quarenta anos caminhando pelo deserto na companhia de Deus. De dia uma coluna de nuvem os guiava pelo caminho, de noite uma coluna de fogo para os iluminar. Dia e noite Deus com eles. Todos tinham um destino geográfico e espiritual a alcançar: os territórios da promessa Divina, da aliança entre Deus e seu povo. Não apenas isso, os Israelitas precisavam aprender a fazer escolhas, discernir entre bem e mal. Voz de Deus e voz de homem. Oportunidades de prosperar e ciladas dos inimigos. Parece improvável que diante de tantas provas de amor e proteção Divinos, sinais e maravilhas, os israelitas ainda optassem por caminhos errados, escolhas desastrosas. Porém, acontecia. E por muitas vezes as escolhas erradas do povo geraram más consequências no individual e no coletivo. Temos a liberdade de escolher, o livre-arbítrio é uma capacidade que nos diferencia do restante das espécies.


Escolher, é algo possível para quem faz uso da razão, do pensamento. Homens pensam e escolhem o tempo inteiro, assim é que se constrói (ou destrói) a vida. No Éden a árvore das escolhas tinha frutos do bem e do mal. Uma árvore não pode ter dois tipos de frutos, mas aquela árvore era diferente porque representava escolhas e consequências, discernimento, compreensão entre justiça e pecado, vida e morte. A Árvore do bem e do mal é uma perfeita simbologia de nossas escolhas. Escolher é separar um entre muitos, e para cada um que se separa segue-se um conjunto de outros.



O filósofo Kant disse que nossas escolhas não apenas definem o que somos, mas o que os outros podem vir a ser. Nossas escolhas formam uma reação em cadeia. O mundo vive essa reação onde a soma das escolhas dos habitantes do planeta terra o tornam um lugar melhor ou pior de se morar. É óbvio que a vida é feita de escolhas, as fazemos naturalmente, não é mesmo?! O problema que persiste em nós, é o mesmo que persistiu com os israelitas no deserto há muito mais de três mil anos atrás: “fazemos escolhas, mas estamos prontos para lidar com as consequências do que escolhemos?” 


Há coisas que desejamos demasiadamente, colocamos nossa força e coração para alcançar, mas sequer medimos os resultados: “E Ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas” Sl 106:15. A magreza chegou quando Adão escolheu ouvir Eva, quando esta escolheu ser seduzida pela serpente. Chegou quando os Israelitas escolheram um deus mudo e cego em forma de bezerro, em detrimento de um Deus vivo , amoroso e poderosos que lhes guiava pelo caminho. A magreza chegou para Davi, homem segundo o coração de Deus, que escolheu o pecado do adultério, não resistindo a tentação e encanto de Betseba. A magreza chegou para Sansão quando deu ouvidos a Dalila e a magreza chega sempre quando escolhemos o que não agrada a Deus.



Wilma Rejane.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Culto de 09/09/2012



"Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugar-lhes com a toalha com que estava cingido" Jo13:5


O sapato, é uma invenção bem antiga. Em 1.500 a.c (aproximadamente), já haviamregistros de que o homem, se utilizando de peles de animais, fabricava seu próprio calçado. As sandálias, contudo, sempre foram as preferidas da civilização antiga. Principalmente, as abertas e baixas. O transporte, ainda não era tão veloz e andar a pé, um costume diário.


O cenário, em Israel, não era diferente. Jesus e os discípulos, caminhavam bastante, e de sandálias. Os pés, dos antigos, facilmente se enchiam de poeira. Aos servos, cabia a humilde tarefa de lavar os pés dos visitantes e(ou), convidados de seus senhores. Uma ação, que resultava em conforto- para quem tinha os pés lavados- e em demonstração de hierarquia.


Na passagem, do Evangelho de João, Jesus, fez bem mais que um simples servo faria. Ele, enxugou os pés dos discípulos, com a mesma toalha que envolvia seu corpo. Ele se despiu, para servir. Jesus, inclinado, apenas com as vestes intimas, lavando os pés dos discípulos. Impossível não comparar a humildade do Mestre, com a arrogância e "superioridade" de alguns líderes atuais. Sequer amarrariam o cadarço do sapato de algum discípulo distraído.


"Disse-le Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo" v(8).

"Aquele que está lavado, não necessita de lavar, senão os pés, pois no mais tudo está limpo"




Intimidade, Refrigério, Santificação, Graça



Ao entregarmos a vida para jesus, todo nosso ser é restaurado. Ele, nos purifica de todo o pecado I Jo 3:3. A lavagem do espírito, foi feita na cruz. Com sangue, de puro cordeiro. Os pés, contudo, dia após dia, necessitam de "tirar a poeira". Entregar os pés para Jesus lavar, implica: Intimidade, refrigério e santificação. É a caminhada diária do cristão, sendo renovada pela comunhão.


Chama-mo-nos de Pai, Ele, nos chama de filhos. "Filho, se eu não te lavar os pés, não tens parte comigo". As mãos do Mestre, carinhosamente, limpam nossos pés: "Ele nos prepara para a jornada da vida". Favor, imerecido! Um Rei, se despindo, para lavar os pés de seus súditos! Não façamos como Pedro, que impôs distância. Levantou um muro: "Nunca, me lavarás os pés". Seria a morte. O pó, dos pés, ganhando proporções irremovíveis, petrificando o corpo inteiro. Uma prisão.


Altruísmo, Amor


"Ora, se Eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também, lavar os pés uns dos outros" v(14).



Mestres e servos, se igualam, ao viverem em amor. Porque o amor, é perfeito. Aprimora o ser que passa a enxergar a si mesmo, no outro.


A Quem posso lavar os pés hoje?


Lavar os pés do outro, implica, viver o Evangelho. Imitar o Mestre. Proporcionarrefrigério ao cansado. Ajudar na caminhada. Se a vida de Cristo, habita em nós, não existirá barreiras para "tirarmos a poeira" dos que nos entregam os pés. A água, é o Espírito Santo de Deus: Limpa, purifica, conduz a caminhos planos, em que pés, não se atolam. Atalhos, enganosos, dão lugar a horizontes promissores

Que a cada dia, entreguemos nossos pés ao Mestre e que nós, prossigamos, lavando os pés uns dos outros. Assim seja.





Por: Wilma Rejane
Citações: Bíblia Sagrada.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O EXERCÍCIO DA MISERICÓRDIA


Jesus disse aos fariseus: “Ide e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos”, citando Oséias 6:6 (veja Mt.9:13). Em Mateus 23:23 temos outra afirmação semelhante: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciando os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas sem omitir aquelas”. (Mt. 23:23). E, seguindo o ensino de Jesus, o apóstolo Tiago ensina: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”. (Tg. 1:27).
 
Os fariseus tinham uma religião que parecia irretocável, mas Jesus mostrou que ela tinha um defeito horrível: não havia nela nenhum lugar para a misericórdia! Aliás, ele mostrou o mesmo defeito na religião dos sacerdotes e levitas (na parábola do Bom Samaritano - Lc.10:31,32). Em outra ocasião, desejando curar um homem que tinha a mão atrofiada, perguntou aos fariseus: “É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal?” (Mc. 3:1-6). Mas eles ficaram em silêncio e Jesus se indignou e se condoeu com a dureza de seus corações.

Creio que Jesus continua experimentando os mesmos sentimentos ainda hoje, quando vê a dureza de nossos corações com respeito aos necessitados que estão ao nosso redor. Muitos cristãos hoje em dia têm uma religião igual à dos escribas, fariseus, sacerdotes e levitas. São pessoas incapazes de se compadecer de seus semelhantes, porque estão presas a regras estritas, pelas quais vivem e julgam todos os demais. Recentemente, alguém que conhece bem o meio evangélico no nordeste do Brasil me disse que lá há crentes que nem cumprimentam os não crentes.
Quando Jesus aconselha a igreja de Éfeso a voltar ao primeiro amor, na primeira das cartas escritas às sete igrejas no Apocalipse (2:1-7), o que ele quis dizer é que, em meio ao combate duríssimo com os diversos hereges que se opunham ao evangelho, os irmãos efésios tinham perdido a capacidade de enternecer-se e de ter misericórdia de quem precisava mais dela do que de outra coisa. Que Deus nos livre de sofrer a mesma repreensão de Jesus!
O exercício da misericórdia ocorre através da generosidade. A Bíblia diz que Deus será generoso para conosco à medida que formos generosos para com os outros (Lc.6:38). Ser generoso é “repartir com os necessitados aquilo que temos” (Rm. 12:13), o que não é um dom; é o procedimento natural do crente. Quem não é generoso é avarento, e a avareza é idolatria, pecado que nos impede de entrar no céu (Cl. 3:5 e Ap.21:8). Portanto, não nos escondamos atrás da capa das dificuldades, mas façamos como os crentes macedônios que mesmo em meio à “sua extrema pobreza transbordaram em rica generosidade” (II Co. 8:2).  
 
O exercício da misericórdia acontece, igualmente, através da solidariedade. Ser solidário é “alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram” (Rm. 12:15). Ser solidário é “levar as cargas uns dos outros, e assim cumprir a lei de Cristo” (Gl. 6:2). Ser solidário é ter o mesmo sentimento que Jesus Cristo, o qual deixou a sua glória, tornou-se um de nós e submeteu-se alegremente ao sofrimento na cruz, para que nós fôssemos salvos (Fp. 2:1-11; Hb. 2:14,18). Quem não é solidário acaba tornando-se solitário, pois a grande qualidade do solidário é a consciência da sua igualdade com as demais pessoas e da possibilidade de passar pelas mesmas situações pelas quais elas passam.   

O exercício da misericórdia se dá, também, por meio da compaixão. Assim como os fariseus, podemos ter uma doutrina corretíssima e nenhuma compaixão (Mt.23:23). Por isso Jesus ordenou aos seus seguidores: “Vocês devem amar seus inimigos, fazer o bem, e emprestar sem esperar receber de volta. Assim será grande a sua recompensa, e vocês serão filhos do Deus altíssimo, que é bondoso com os mal-agradecidos e com os maus. Sejam compassivos como também seu Pai é compassivo. Não julguem os outros, e Deus não julgará a vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês. Perdoem, e Deus os perdoará”. (Lc. 6:35-37). Freqüentemente o que as pessoas mais precisam é de compaixão, e não de recriminação.
Portanto, o grande segredo do exercício da misericórdia é colocar-se no lugar do outro, e nisso ninguém se igualou a Jesus. Sigamos seus passos (I Pd.2:21-25).

Pr. Sylvio Macri