Duras verdades ou mentiras agradáveis?
Recentemente, ouvi um pregador dizer a seguinte frase em um culto: “Deus conta com você, você é a bola da vez!”. Confesso que me senti profundamente constrangido, para não dizer ofendido, com a aludida frase de efeito, a qual não cheira – mas fede – a antropocentrismo. Enquanto muitos têm trilhado um caminho sem volta em direção ao pecado e se aprofundado no mar da perdição, muitos ministros não se importam em passar para eles uma informação errada sobre como encontrar o Caminho oposto que, conquanto seja estreito e espinhoso, é o único que conduz a um lugar verdadeiramente seguro (cf. Mt 7.13,14).
A charge acima ilustra muito bem a realidade que temos vivido em nossos dias. Pregações chocantes, que condenem o pecado e exortem ao arrependimento e à santificação são vistas com sonolência e antipatia. A exposição bíblica e centralizada em Cristo se tornou insuportável em muitos lugares feitos para tal finalidade; o que seria aparentemente contraditório, caso o apóstolo não houvesse profetizado tal apostasia em 2 Timóteo 4.1-4.
Assim, uma grande quantidade de pessoas nas igrejas não quer abandonar o seu estilo de vida pecaminoso e se voltar para aquEle que disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37). Não, eles não são sedentos por Deus, como o salmista (Sl 42.1,2), mas querem saciar-se com os embriagantes licores teológicos do misticismo e da Prosperidade. Suas gargantas suspiram pelo leite envenenado que é vendido na mídia, principalmente na TV e na Internet. As águas tranquilas do Bom Pastor de Davi são para eles insignificantes, embora somente elas possam refrigerar suas almas e aliviar sua sede. Seus ouvidos criaram um escudo protetor contra a pregação sadia. Não conseguem ouvir a verdade, pois se apaixonaram pelas falsificações dela. Massagens são feitas para aliviar a coceira impertinente que afeta seus ouvidos, e tais indivíduos procuram aqueles que digam o que querem – e não o que precisam- ouvir. Vibram quando são rotulados de campeões, vencedores, guerreiros e “ungidos”, mas jamais ousariam dizer como Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20a)!
Muitos frequentadores de igreja e simpatizantes dos evangélicos são como aqueles religiosos contemporâneos do profeta Isaías, “filhos mentirosos, filhos que não querem saber da instrução do Senhor” (Is 30.9, NVI), que, ao serem confrontados com a Palavra de Deus, resmungavam: “Não nos revelem o que é certo! Falem-nos coisas agradáveis, profetizem ilusões. Deixem esse caminho, abandonem essa vereda, e parem de confrontar-nos com o Santo de Israel!” (vv. 10,11). Ou seja, queriam que os profetas de Deus os deixassem pecar em paz. De fato, não há nada novo debaixo do sol (Ec 1.9).
Como Igreja de Cristo, somos chamados a seguir a verdade em amor (Ef 4.15), bem como pregar “todo o conselho de Deus” (At 20.27) e a Mensagem da Cruz, que é loucura para os que perecem (Rm 1.18). Sempre haverão aqueles que desprezarão a mensagem bíblica, mas não fomos chamados para agradar os homens, senão para fazer a vontade do Nosso Salvador (Gl 1.10,11). O que é melhor dizer: Duras verdades ou mentiras agradáveis? Acredito que não é preciso responder.
Que Deus abra os olhos do povo que se chama pelo Seu Nome e tenha misericórdia de todos nós.
Pedro Henrique Martins
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