Todo mundo sendo bem discipulado e todo discípulo se tornando um líder (ou discipulador) compromissado, equipado e preparado para toda boa obra. É desta forma que Deus está nos habilitando para discipular outros.
Quando eu comecei o meu ministério, ainda solteiro, tinha problemas sérios em minha vida. Era um cristão carnal e não conseguia vencer pecados. Cada vez que pecava, pedia perdão a Deus e decidia de todo coração não pecar mais, porém não conseguia me manter firme, sobretudo nos pensamentos impuros, o que aumentava o meu sofrimento. Eu sabia os princípios de pureza e santidade, mas não conseguia aplicá-los na minha vida prática.
Na época, nem eu nem os meus líderes tínhamos muita clareza sobre alguns aspectos da obra, por isso não fui afastado e tratado até passar por um processo completo de restauração, o que seria mais correto naquela situação. Para isto também colaborou o fato de que só eu sabia destes pensamentos e atos pecaminosos, pelo menos no início, porque não me sentia obrigado a confessá-los a quem cuidava da minha vida. Se não me sentia obrigado, muito menos via o benefício desta prática. Eu me justificava perante a própria consciência no ato de confessar a Deus e a Ele pedir perdão. Aliás, muitos líderes cristãos ensinam assim: se você pecou, peça perdão a Deus e não há necessidade de falar a ninguém mais.
No meio do desespero e da angústia de querer e não conseguir ser fiel à vontade de Deus, meu irmão Lucas (que hoje está com o Senhor, depois de ter falecido num acidente aéreo) veio me dizer como estava feliz de ver o crescimento da obra em Santarém. Com a maior naturalidade, talvez sem pensar nas consequências, respondi com certo desânimo dizendo que poderia estar bem melhor se não fossem os problemas em minha vida pessoal. Embora eu não tivesse a intenção de ser totalmente transparente com ele, até porque pensava que não era necessário confessar minhas dificuldades a ninguém além do Senhor, o diálogo foi indo neste sentido. Ele me perguntou em que áreas eu estava tendo problemas e eu, que sabia que não podia mentir, falei tudo o que estava acontecendo.
Ele não se escandalizou, mas orou comigo, e isto me fez andar em vitória. Depois de algum tempo, os pecados voltaram. Pensei, então, que deveria lutar contra o pecado e depois de andar em vitória algum tempo poderia contar a meu irmão tudo o que aconteceu, mas já num contexto de vitória. Errado. Este tipo de pensamento é o que Satanás coloca em nossa mente para que, de fato, não andemos em vitória, apesar da constante luta contra o pecado. Há pessoas que vão a Encontros de cura, libertação ou algum outro nome parecido, e o impacto da palavra naquele evento é tão grande que tudo o que ficou oculto por anos é colocado à luz. Isto faz com que a vida dessas pessoas comece a pegar fogo. Mas, se não há um vínculo de discipulado onde ela mantém a prática de uma vida transparente, sorrateiramente os mesmos pecados voltam e o último estágio se torna pior do que o primeiro (Mateus 12.45).
Meu irmão voltou a me perguntar como eu estava. Como não podia mentir, confessei novamente e, mais uma vez, ele orou comigo. Seguiu-se um período de vitória e nova queda. Mas logo notamos que toda vez que eu me abria e ele orava por mim, eu começava a andar em vitória. Então fizemos um acordo: prometi-lhe que se eu pecasse, ele seria o primeiro a saber, dentro de 24 horas depois de haver pecado. Colocamos isto em prática e foi o começo da vitória. A partir daí, começamos a nos reunir semanalmente para que eu pudesse abrir minha vida com ele e orarmos juntos. Só nesse período é que percebemos que eu deveria ter me afastado do ministério por algum tempo.
Durante o tempo em que fiquei afastado da obra, sozinho com o Senhor, minha vida foi trabalhada pelo Espírito e voltei um homem diferente. Nunca mais caí nos mesmos pecados, embora tenham havido algumas lutas. Mas, ainda como solteiro, Deus me deu vitória completa no que se refere à impureza de pensamentos e atos que atentam contra a Sua santidade, situação esta que permaneceu por vários anos até meu casamento.
Foram anos de muita luta até descobrir o caminho certo. Eu costumo dizer que eu fui cobaia desta visão, porque depois de experimentar todo este sofrimento e então viver em vitória, comecei a atrair outros jovens que estavam passando pelas mesmas lutas que eu passei, os quais eu podia ajudar. Eu os aconselhava a fazerem como eu fiz, andando em transparência; orava com eles e tudo começou a se repetir. Estava funcionando para eles, como funcionou comigo. Da mesma forma, Deus quer que toda a sua igreja viva neste nível de relacionamento, com vínculos fortes e sadios, com transparência e edificação.
Publicado em 29 de outubro de 2013 / Categoria: Artigos
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